quinta-feira, 27 de abril de 2017

Activismo político

Há um programa de rádio produzido em Dallas, que se chama Think, e que tem sempre entrevistas muito interessantes com pessoas de várias áreas. Eu já vos devia ter falado deste programa várias vezes, pois ouvi várias entrevistas que gostaria de ter partilhado convosco e podem fazer o download do podcast. A de ontem foi a Chelsea Clinton, que pode ter algum interesse, mas o pedaço de informação que ficou na minha cabeça foi quando ela disse que, de acordo com a Emily's List, um grupo de defesa dos direitos das mulheres, desde a eleição de Donald Trump, mais de 10.000 mulheres manifestaram interesse em tornar-se candidatas em eleições; no último ciclo, apenas 900 concorreram.

O nível de activismo político está bastante alto. Já fui a duas marchas e a um evento de um Representante no Congresso que quer concorrer para o lugar de Ted Cruz, no Senado. Tinha planeado ir a uma Town Hall do meu Representante no Congresso, mas acabei por ter um conflito. Neste Sábado teremos o Movimento Povos Clima (Peoples Climate Movement). Há uma lista enorme de movimentos anti-Trump que foram agregados na Wikipédia.

Convidei a minha vizinha JP, que tem 92 anos, para jantar em minha casa na semana passada. Durante a nossa conversa, disse-me que achava extraordinário tanto activismo, que nunca tinha visto nada assim. Fica sempre feliz quando vou a uma marcha. Perguntei-lhe se não tinha sido assim durante os anos 60, com as manifestações anti-guerra, anti-segregação, pró-mulheres, etc. Depois de alguns segundos em silêncio, disse que sim, que estamos como nessa altura.

Ontem no programa de rádio 1A falavam dos protestos estudantis em UC Berkeley de 1964, que reivindicaram a liberdade de expressão no campus. Agora, os protestos em UC Berkeley são por causa de um convite feito a Ann Coulter, que alguns estudantes acham ofensivo. Um dos participantes no debate dizia que Ann Coulter não iria a Berkeley defender nenhum ponto de vista novo, apenas ia dizer o que já tinha dito antes, logo não havia supressão do direito de expressão, até porque Coulter diz o que diz para gerar receita -- é acima de tudo um negócio.

Alguém dizia que os estudantes eram crescidos e não precisavam de ser protegidos; para além disso, parte do sucesso de Ann Coulter era exactamente a atenção que estes estudantes, que a não queriam ouvir, lhe davam -- seria mais eficaz ignorá-la. O outro convidado discordou, pois achou que já tínhamos tentado ignorar estas pessoas e não tinha funcionado; para ele, era preciso ridicularizar quem tem discursos de ódio. (Se leram os livros do Malcolm Gladwell, talvez este argumento não vos seja estranho, pois Gladwell defendeu que a forma mais eficaz para derrotar o Ku Klux Klan foi a sua ridicularização em livros de banda desenhada do Super-Homem.)

Quando fui a casa almoçar, uma outra vizinha veio ter comigo. Disse-me que tinha falado com a JP e esta lhe tinha dito que eu tinha ido à Marcha pela Ciência. Disse-me que devia ter ido, que precisava de se tornar mais activa, talvez fazer voluntariado com o Indivisible Movement. Na próxima vez que eu for, enviar-lhe-ei um convite.

Já ouvi várias pessoas dizer que a Presidência de Trump é, acima de tudo, uma oportunidade para derrotar o discurso de ódio. Nos EUA, há sempre alguém que vê oportunidade onde outros vêem desespero e há sempre alguém disposto a levantar-se e lutar pelo que acredita. Não o fazer é considerado anti-americano.

3 comentários:

  1. Eu traduziria "Peoples [sic] Climate Movement" por "Movimento Popular pelo Clima.

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  2. «That most entrenched bastion of the progressive left, America’s great universities, has been swept by . . . well, one hardly knows what to call it. “Political correctness” is too old and doesn’t do it justice. It is a hysteria—a screeching, ignorant wave of sometimes violent intolerance for free speech. It is mortifying to see those who lead great universities cower in fear of it, attempt to placate it, instead of stopping it.

    When I see tapes of the protests and riots at schools like Berkeley, Middlebury, Claremont McKenna and Yale, it doesn’t have the feel of something that happens in politics. It has the special brew of malice and personal instability seen in the Salem witch trials. It sent me back to rereading Arthur Miller’s “The Crucible.” Heather Mac Donald danced with the devil! Charles Murray put the needle in the poppet! As in 17th-century Salem, the accusers have no proof of anything because they don’t know, read or comprehend anything.

    The cursing pols, the anathematizing abortion advocates, the screeching students—they are now the face of the progressive left.

    This is what America sees now as the face of the Democratic Party. It is a party blowing itself up whose only hope is that Donald Trump blows up first.»

    https://www.wsj.com/articles/trump-has-been-lucky-in-his-enemies-1493331572

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