sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Um OE2017 de empobrecimento

De acordo com o Público, para 2017 o governo deseja pedir ao Parlamento autorização para aumentar a dívida pública em 9350 milhões de euros, o que supostamente é equivalente a 5,2% do PIB (não percebi muito bem, do artigo, se estão a falar do PIB 2016 ou do PIB 2017). Para 2017, a meta do saldo orçamental é um défice de 1,6%. Supunhamos que os tais 5,2% são medidos em termos do PIB 2017, pedir autorização de 5,2% para uma coisa que devia ficar em 1,6% presume um erro de 225%. Ou o governo tomou um caldo de pessimismo, ou sabe perfeitamente que a meta do défice do próximo ano não será observada. Mesmo medindo os 5,2% em termos do PIB de 2016, a margem de erro é bastante grande.

Mas há mais: já podem consultar o parecer do Conselho das Finanças Públicas acerca da proposta do OE 2017. Parece que crescimento de 1,5% para o ano é plausível, mas pensem nestes termos: vamo-nos endividar entre 1,6% a 5,2% do PIB para crescermos 1,5% (e notem que, na taxa de crescimento, o denominador é o PIB de 2016, logo isto ainda é pior do que o que parece).

Mais valia estar quieto porque isto nem sequer é um orçamento redistributivo; é um orçamento de empobrecimento do país.

8 comentários:

  1. Estou longe de ser um especialista, mas 1.6% é em contabilidade nacional; acho que o que contaria para os 9350 seria o défice em contabilidade pública. Além disso operações financeiras (ou lá como se chamam) não contam para o défice mas sim para a dívida (tipo recapitalização da CGD).

    E seria endividamento até 5.2% para crescimento de 3% e não de 1.5% (real 1.5% + 1.5% deflator).



    PedroF

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    1. Eu não acredito que o deflator seja 1,5%.

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    2. Mais tarde percebi que não respondi à dúvida do Pedro. Na questão do rácio, o deflator é irrelevante porque tanto o numerador, como o denominador seriam ajustados pelo mesmo deflator, ou seja, o rácio não varia com o deflator.

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  2. Primeiro, tivemos o eleitoralismo do governo por causa das eleições autárquicas de 2016.
    Agora, temos a autorização de endividamento em 5,2% do PIB como se se tratasse de um facto consumado.
    Contudo, o OE de empobrecimento estima um abaixamento da Dívida para 128,% em 2017, prevendo-se que no final de 2016 fique em 129,7%
    O Pedro Lains é que os topa:
    http://pedrolains.typepad.com/pedrolains/2016/10/o-pa%C3%ADs-das-certezas-sobre-o-futuro.html

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    1. Correcção ao meu comentário das 14:49.
      estima um abaixamento da Dívida para 128,3% em 2017,

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  3. Ainda sobre o OE do empobrecimento.
    http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2016/10/o-que-e-e-quem-aumentou-carga-fiscal.html

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  4. Ainda sobre o OE do empobrecimento.
    http://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2016/10/o-que-e-e-quem-aumentou-carga-fiscal.html

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  5. Mais uma achega para o empobrecimento geral dos portugueses:
    Medidas que aliviam a austeridade: 904 milhões
    Medidas que agravam a austeridade: 462 milhões
    Fonte: Análise do OE feita pelo jornalista económico João Silvestre, Caderno Principal do jornal Expresso, p. 2
    No meio disto tudo, de tanto empobrecimento que nos é pedido - especialmente comparando com a vida folgada dos últimos 4,5 anos do governo Passos/Portas - de quem eu tenho verdadeiramente pena é dos pobrezitos do ricos.
    Com uma simples casita de VPT de 650 mil euros (cujo valor comercial no mercado é muito maior), irá ser-lhe pedido o brutal esforço adicional no IMI dos ricos (taxa 0,3) de 150 euros por ano.
    Uma brutalidade e uma injustiça!
    Isto quando havia tanto pobrezito ricalhaço a quem reduzir o Subsídio de Desemprego, cortar o RSI, o Abono de Família, etc.
    Oportunidades não faltavam para recolher receita nestes privilegiados.

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