terça-feira, 20 de setembro de 2016

Holística e maluca

Penso que anda por aí muita gente que passou uns bons minutos a chamar-me maluca por causa da minha cartita à Mariana. Não sejam tão pouco selectivos. Se querem chamar-me de maluca, eu dou-vos uma razão muito melhor.

Hoje de manhã, que foi ontem ao início da tarde para a malta em Portugal, saí à rua e vi que tinha feito asneira. Quando mudei a água de um dos berçários dos meus girinos, deixei o balde de água destapado. É neste balde que deixo a água para o cloro dissipar, senão os meus bichinhos vão desta para melhor. No balde, a boiar, encontrei um sapo. Pensei o pior: que tivesse morrido afogado. Imediatamente coloquei uma luva de latex e pesquei o bicho. Ainda estava vivo. (Eu não lhes toco, mas quando tenho de tocar, uso uma luva para não lhes passar os meus germes.)

Tive mesmo sorte porque o último sapo que lá encontrei morreu afogado e tive de lhe fazer um enterro. Era um animal tão lindo, tão perfeitinho, tinha sobrevivido a tanta coisa, que eu fiquei completamente enojada comigo própria por ter facilitado a sua morte. Chorei e solucei a escavar a sepultura do bicho. Se os meus vizinhos me ouviram, devem ter ficado com uma excelente impressão minha: aquela é a vizinha que chora desalmadamente enquanto cava buracos na relva.

Coloquei o meu sapito vivo de hoje num vaso de plantas e tirei duas fotos. Era um bicho muito lindão e um macho. Não era o Brexit porque não lhe reconheci as manchas nas costas. Meti uma das fotos no Instagram e etiquetei-a com toad. Alguém encontrou a foto e perguntou-me se eu alimentava os meus sapos com fruta e legumes. Claro que não. Expliquei à pessoa o que os sapos comem e é assim:

Eu não lhes dou nada. Apenas me asseguro de que há um canto do jardim que tem condições de que os sapos gostam: sombra, humidade, e sítios para se esconderem. Como há também detritos do jardim (folhas velhas a apodrecer), há bicharada suficiente para os meus sapos encontrarem a sua própria comida. Eles gostam de insectos e pequenos animais. Tudo o que cabe na sua boca é almoço: lagartinhos, minhocas, etc. Quando são pequeninos, gostam de comer moscas de fruta porque cabem na boquinha deles.Os sapos não são vegetarianos e tornam-se carnívoros aquando da metamorfose. Durante a metamorfose, não comem porque o seu aparelho digestivo muda.

Antes da metamorfose, os girinos alimentam-se de vegetais, algas que nascem em folhas que caem à água, e, de vez em quando, uma minhoca que caia lá para dentro. Os girinos eu alimento porque são (eram) muitos e se estiverem em condições selvagens, a maior parte deles morre porque não há comida suficiente ou a água seca ou fica muito suja, por exemplo. Dou-lhes alface aferventada, que é congelada em cubos de gelo (eu uso alface biológica cozinhada em água filtrada). Quase todos os dias, coloco um cubinho em cada berçário para eles comerem. Quando o girinos saem dos ovos, durante o primeiro dia ou dois, alimentam-se dos restos dos ovos e do material gelatinoso que envolvia os ovos.

Estão a ver? Isto é mesmo um blogue holístico, eu sou mesmo maluca, e agora vocês já podem impressionar os vossos filhos explicando-lhes o que comem os sapos. Aposto que nem o deputado do PAN sabe destas coisas.


3 comentários:

  1. Desconhecia completamente a parte dos girinos serem vegetarianos.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Eu também e é estranho porque eles gostam muito de minhocas, mas uma dieta só de carne não é boa para o sistema digestivo deles, segundo o li.

      Eliminar
  2. Rita, és uma rapariga adoravel! Esse teu apego a uns simples sapos que apareceram no teu sítio é bonito de ver e, sinceramente, comove-me um bocadinho. No melhor dos sentidos.

    :-)

    ResponderEliminar

Não são permitidos comentários anónimos.