sábado, 6 de junho de 2015

Gosto!

Diz o Público que seis ex-administradores da Metro Mondego estão sob investigação por causa de terem usado dinheiros da empresa para despesas pessoais, inclusive farras de striptease, vinho, hotéis, video-jogos, compras de supermercado, etc. Eu gosto particularmente desta parte aqui da notícia:
"[...]estão em causa crimes de administração danosa, peculato e participação económica em negócio que terão ocorrido entre 2004 e 2010, segundo o processo ao qual o PÚBLICO teve acesso.

Num caso, um dos administradores usou o cartão de crédito, que lhe tido sido distribuído pela empresa para despesas inerentes ao cargo, para gastar 72 mil euros em jogos de computador, perfumes, artigos de decoração, estadias em hotéis, compras no supermercado, vinho, material de surf e até para pagar serviços numa empresa organizadora de eventos, especializada em festas infantis, sublinha o relatório final da PJ de Coimbra que concluiu recentemente a investigação. Este responsável foi avisado pela empresa de que as despesas que pagou eram pessoais. Apesar da advertência, continuou a usar o cartão para o mesmo tipo de pagamentos."

Esta coisa da "advertência" a um gajo que gasta €72000, que não são seus, fascina-me. Gasta o que não deve--e nem é uma soma trivial, aquilo dava para comprar uma casa--, recebe uma palmadinha na mão, e continua com acesso ao recurso do qual abusou?!? Meus amigos, os meus cães são mais severamente punidos quando fazem tropelias. Por que razão, exactamente, uma pessoa sem ética subiu a esta posição e continuou nela e isto se prolongou durante quatro anos? Eu, que pago impostos, gostaria de saber.

Fascina-me também estes crimes terem ocorrido entre 2004 e 2010 e só agora é que estão sob investigação. A propósito, quando é que isto prescreve? É que, sendo Portugal, decerto que irá prescrever. Deixem que vos diga que eu tenho um profundo desprezo pela figura da "prescrição". Quando uma pessoa da minha família me meteu na embrulhada da NOS e eu a confrontei, uma das primeiras coisas que ela me disse foi "Isso já prescreveu!". Ou seja, a prescrição é um convite ao crime.

Finalmente, o striptease deve ter um multiplicador de crescimento para a economia portuguesa. Eu gostaria de saber qual é exactamente o seu valor e este estudo daria uma óptima dissertação de mestrado. Se for considerável, eu até nem me importo que se invista mais na actividade. Mulheres boas nuas parece-me bem. Aproveitem e façam um complexo turístico para atrair os gajos de dinheiro de todo o mundo: striptease, política de drogas liberal, e bom vinho e clima devem valer um balúrdio juntos. Metam uns campos de golfe e umas massagistas jeitosas e temos a vida feita.

Sim, uma empresa em que seis administradores são simultaneamente prevaricadores também me parece uma coisa deveras interessante. Que tal fazer quem os nomeou co-responsável pelos danos, que é para ver se as pessoas aprendem a ser civilizadas?

3 comentários:

  1. Os Governos de Portugal não têm autoridade moral para cobrar impostos!, vá puxando pelo cordelinho do Metro do Mondego que vai descobrir coisas bem interessantes!

    ResponderEliminar
  2. Rita,

    Durante a presidência do sr. Jorge Sampaio foram surpreendidos vários deputados de diferentes quadrantes políticos a receber umas massas com apresentação de facturas falsas. Continuaram todos como deputados, não me recordo se foram obrigados a devolver os dinheiros subtraídos. Se, para defesa do bom nome das instituições, o sr. Jorge Sampaio tivesse dissolvido a AR, porque obviamente não estava a funcionar regularmente, talvez se tivesse criado um precedente que imprimisse na vida política algum princípio de honestidade nos processos. Não o tendo feito, alimentou a tendência contrária, da desonestidade.


    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Tem razão. E não foram somente "habilidades" com facturas falsas, foram muitas outras maneiras de fazer dinheiro fácil, desde a "cobrança" de subsídios de alojamento falsos (inventaram-se moradas falsas), passando pela troca de viagens de avião em executiva por viagens normais e a acabar na nomeação de familiares e amigos para funções públicas, sem esquecer as enormes vantagens em termos de "cantina", com preços de uva mijona. E também as falsas presenças, com muitos deputados a revelarem-se possuidores do dom da ubiquidade. Uma vergonha que a maioria do povo português tolamente tolerou e de que estamos e estaremos a sofrer.

      Eliminar

Não são permitidos comentários anónimos.