sábado, 30 de maio de 2015

A passadeira

Na minha primeira casa aqui, tinha como vizinha uma austríaca, que era minha colega no trabalho. Era uma coisa simpática, porque a primeira que despachasse a rotina matinal batia à porta da outra e depois fazíamos juntas os 20 minutos de caminhada (contagem para sapatos rasos) até ao emprego. Várias vezes ela me ajudou preparando o almoço para levar, porque quando me batia à porta ainda estava eu a tratar da química facial. Ao fim de duas semanas de percursos conjuntos, cedeu à curiosidade e perguntou-me "Porque é que agradeces aos condutores que param na passadeira para te deixar atravessar?!". Para mim, era óbvio: porque eles me tinham dado passagem!!! "Sim, mas eles são obrigados a isso, é para o que serve uma passadeira", retorquiu ela. Eu expliquei-lhe que em Portugal eram poucos os condutores respeitadores das travessias de peões e que costumávamos agradecer quando um parava. Mas pus-me a pensar naquilo e concluí que ela tinha razão. E lamentei por, em Portugal, nos sentirmos tão confortáveis com as leis que não são cumpridas e acharmos isso tão normal que o seu respeito é coisa digna de agradecimento.

2 comentários:

  1. Eu já fui atropelada numa passadeira em Portugal. Eu não acho mau que se agradeça. Eu acho mau que haja condutores estúpidos.

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  2. Eu acho que, em Portugal, hoje as coisas hoje estão muito melhores e que, agora, a regra é os automobilistas pararem e, raramente, os peões agradecerem. Ainda bem, digo eu.

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