terça-feira, 14 de abril de 2015

Era uma vez no Mestrado/Doutoramento

Como o Nuno Amaral Jerónimo está prestes a defender a dissertação (boa sorte, break a leg), ando em modo revivalista. Vale a pena recordar velhas histórias da minha graduate school. Na minha universidade, Oklahoma State University, antes de chegar o tempo em que as teses passaram a ser submetidas electronicamente, a versão final era impressa em papel de algodão com o selo branco da universidade. Aquele papel, apesar de ser giro ao toque, era caro. Uma curiosidade: o dinheiro de papel nos EUA também é impresso em papel de algodão (75%) e linho (25%). No meu doutoramento, submeti a dissertação digitalmente (a minha tese tem erros de formatação na numeração das páginas que estavam orientadas horizontalmente, porque o MS Word mudou a formatação várias vezes e eu falhei em não verificar e corrigir o mesmo erro pela milésima vez--hoje ainda penso nisso e fico mortificada pelo meu descuido, mas eu já tinha corrigido a mesma coisa tantas vezes que na última vez pensei que estasa realmente correcto); mas, durante o mestrado, submeti uma tese em papel.

A piada que circulava entre os estudantes de mestrado/doutoramento era que a tese não iria ser lida por mais ninguém. No entanto, os alunos que eram mais cuidadosos poderiam contar com a sua tese servir de referência para o estilo de como escrever uma tese. Por acaso, a minha universidade era extremamente exigente na consistência de estilo do trabalho (tínhamos de submeter dois rascunhos antes da versão final) e até havia, e há, guias de estilo e workshops para os estudantes compreenderem o que era esperado e aceitável. Mas, a meu ver, era preciso ter uma referência mais exaustiva, logo eu fui a única aluna no departamento, durante o meu programa, que se deu ao trabalho de comprar um livro de estilo, o da Kate Turabian, sexta edição. Quando havia questões acerca do estilo, os outros alunos perguntavam-me ou consultavam o meu livro.

Após terminar a tese, aquilo ia para a encadernação. Os alunos pagavam por duas cópias: uma para a biblioteca da universidade e outra para o orientador. Nós não tínhamos direito a nenhuma cópia--uma grande injustiça, dado que nós éramos estudantes pobrezinhos e super-stressados. O meu orientador, que era, e é, muito simpático, quando soube que eu não teria uma cópia, deu-me a dele. Depois da tese estar disponível na biblioteca, era tradição entre os estudantes ir lá e enfiar uma nota de dólar na nossa tese. Depois, mais tarde, muitas vezes anos depois, ia-se à biblioteca e abria-se a nossa tese para ver se alguém tinha tirado o dólar, o que seria indicação de que alguém teria usado a tese como referência. Claro que algum espertalhão poderia apenas ter lá ido e tirado o dinheiro, mas nós queríamos acreditar que aquilo tinha tido algum uso...

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