terça-feira, 29 de julho de 2014

A solução para a Esquerda

Depois de Uns tipos terem saído do Bloco de Esquerda para formarem o 3D e de outros terem rompido com o Bloco de Esquerda para formar o Livre, e depois falharem uma coligação alargada e convergente com o Bloco de Esquerda, parece que agora a Ana Drago saiu do Bloco de Esquerda para criar uma "plataforma política de esquerda que congregue movimentos que já estão no terreno que tenha a seriedade e humildade de ser colocada perante os votos dos portugueses". Parece contar para tal com a prestimosa ajuda de Daniel Oliveira, um dos que tinha abandonado o Bloco de Esquerda para formar o 3D.

Mas esta não é a solução para a esquerda. Tal como em conversa com uns amigos descobri ontem, a solução para a Esquerda é a criação de partidos unipessoais. Aí sim, haverá convergência na diversidade e, tirando alguns casos de esquizofrenia, nenhum dos partidos entrará em guerras internas.

No fim, poderão fazer uma grande coligação de esquerda a que chamarão APU: Aliança dos Partidos Unipessoais.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Inconsciência

Leio no jornal i que "António Costa defende aumento do salário mínimo para 522 euros". Na verdade, não citam nenhumas declarações dele onde seja feita tal afirmação. Se, de facto, António Costa propõe um aumento do salário mínimo de 7,5% numa altura em que o desemprego é tão elevado então é um absoluto irresponsável. Não defendendo tal disparate, deve, no entanto, evitar criar um valor âncora tão elevado. Apenas cria ruído e dificulta a tarefa do próximo governo, que provavelmente será liderado por ele.

Destreza das Dúvidas, o prazer de ler opiniões baseadas na melhor investigação

Há coisa de um ano, escrevi um artigo para o Público com o título "A Máfia, o tribunal e o multiplicador da despesa orçamental". Entre outras coisas, discutia a dificuldade de estimar o valor dos multiplicadores orçamentais e descrevi a forma engenhosa como uns economistas italianos se tinham valido da luta anti-máfia para calcular esses multiplicadores:
Graças a uma lei anti-Máfia nos anos 90, três economistas italianos conseguiram encontrar uma resposta. De acordo com essa lei, mal a polícia tivesse evidências de que as decisões das câmaras municipais eram controladas, ainda que indirectamente, pela Máfia, o Governo central nomeava comissários externos que ficavam encarregados da gestão municipal. Uma das primeiras medidas era, invariavelmente, o de suspender os fluxos financeiros dedicados a obras e investimentos municipais. Assim, os economistas Giancarlo Corsetti, Saverio Simonelli e Antonio Acconcia identificaram reduções exógenas na despesa municipal, observaram o seu impacto na economia local e, com isso, puderam calcular o valor do multiplicador orçamental. Os valores que encontraram para as províncias italianas situam-se na casa de 1,8, ou seja, mais do dobro do considerado por Gaspar e pela troika para Portugal.
Acabei de reparar que este artigo saiu publicado no número deste mês da American Economic Review. Como argumento de autoridade será impossível encontrar melhor.

sábado, 19 de julho de 2014

Algumas reclamações credibilizam os avaliadores

Há declarações assassinas e há declarações suicidas. Já tinha ficado mal impressionado com o artigo de opinião Maria de Lurdes Rodrigues a atacar, em causa própria, a avaliação do seu centro de investigação  o Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) , que apenas teve classificação de BOM.

Agora, numa grande reportagem do Público sobre o assunto, leio novamente isto:
João Sebastião [director do CIES] cita indicadores que contrariam qualquer ideia de perda de qualidade: a publicação de artigos em revistas científicas indexadas passou de 39 para 84 entre 2008 e 2012.
É pá desculpem, mas isto é ridículo e ainda é mais ridículo que não se apercebam do ridículo. A única explicação para tamanho choque é acharem que Bom é uma nota demasiado alta. Se há alguma coisa incompreensível é que no quinquénio anterior, com 39 publicações, tenham conseguido 'Excelente'.

terça-feira, 15 de julho de 2014

Pedido de esclarecimento a JMT

Para que que não haja dúvidas, repito: alegadamente respeitável. Será possível que JMT nos esclareça onde encontrou tal alegação?

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Uma análise das avaliações das unidades de investigação pela FCT

Eu e o Pedro Magalhães perdemos algum tempo a olhar para os os dados do estudo bibliométrico encomendado pela FCT no âmbito da avaliação das unidades de avaliação. Fizemos também algumas contas.

domingo, 6 de julho de 2014

Re: Erros grosseiros, ignorância e preconceito

Eu considero que a actual avaliação dos centros de investigação levada a cabo pela FCT está cheia de falhas graves, para não dizer gravíssimas. O próprio sistema de avaliação que agora foi desenhado é um disparate pegado. Assim, naturalmente, concordo com muito do que aqui está escrito.

Mas, sinceramente, apresentar o número de 100 artigos publicados em revistas indexadas como sendo algo digno de registo é um pouco confrangedor. 100 artigos em 5 anos num centro que se gaba de ter mais de 100 investigadores é muito pouco. É menos de um artigo por investigador a cada 5 anos. Bem sei que há muitas outras formas válidas de investigação e de apresentação de resultados. Mas, em ciências, a publicação da nossa investigação em revistas com peer review tem de ser o formato preferido. Um artigo de 5 em 5 anos é muito, muito pouco, lamento.  
Podem dar as voltas que quiserem, podem queixar-se do imperialismo anglo-saxónico, queixar-se dos efeitos perversos do publish or perish, queixar-se dos preconceitos. Enfim, queixem-se de tudo. 

Mas falar de 100 artigos em 5 anos num centro que conta com mais de 100 investigadores é não se dar conta ridículo. Mais valia nem o ter referido. E se, como diz a autora, no quinquénio anterior foram 39 artigos então o 'Excelente' que tinham era, pelo menos, tão escandaloso como o 'Bom' da actual avaliação.

sábado, 5 de julho de 2014

Vítor Bento no BES

Declaração de interesses: sou suspeito porque o conheço e por ele sempre tive o máximo respeito. Foi a primeira pessoa a contratar-me profissionalmente. Na minha primeira entrevista de emprego, perguntou-me se, perante uma expectativa de descida das taxas de juro, se deveria aumentar ou reduzir a Duração de uma Carteira de Títulos. Respondi mal. VB deu-me uma segunda oportunidade e perguntou-me se eu estava a pensar numa carteira de activos ou passivos. E eu tornei a dar a resposta errada. Deve ter sido o nervosismo da minha primeira entrevista. Mesmo assim, VB deu-me uma terceira oportunidade e contratou-me na mesma.

Mas, como dizia, sou suspeito porque gosto muito de VB e aprecio imenso o seu empenho cívico. Gostaria de dizer que quem fala e escreve sobre VB como se ele fosse um ponta de lança ou do PSD ou do Governo ou do Banco de Portugal no BES está redondamente enganado. Às vezes, as explicações mais simples são mesmo a mais lógicas. Muito provavelmente, VB foi contratado para estas funções no BES porque é dos poucos em Portugal que tem um curriculum à altura dos desafios que esta função exige. É esta a minha opinião.